sábado, 23 de outubro de 2010

“PEGUE, MIGUELZINHO, PEGUE”

Dom Bosco, em Setembro de 1845, assim fez o primeiro contato com um pobre menino, que tinha perdido o seu pai havia dois meses. O jovem queria receber do padre a medalha que estava distribuindo aos seus meninos, mas ao chegar a sua vez haviam-se acabados. O pobre padre sem ter o que oferecer ao menino decidiu então estender a mão esquerda e com a direita fingir cortá-la e oferecer ao menino a metade. o menino sem entender o que estava fazendo aquele padre ficou sem reação diante da cena e o padre lhe disse que de agora em diante tudo entre eles seria dividido.

Esse foi o encontro de Dom Bosco com o seu primeiro sucessor, Miguel Rua que de início não entendeu nada.

O padre Rua foi chamado, no processo de canonização de Dom Bosco, um outro Dom Bosco, porque soube fazer-se presente nos momentos difíceis e nos momentos alegres da vida do santo, antes de ser reitor-mor da Sociedade de São Francisco de Sales. Foi um grande companheiro de Dom Bosco, tanto é que o padre Rua nasceu 22 anos depois de D. Bosco e morreu exatamente 22 anos ápos.

Pe. Rua foi diferente de Dom Bosco em vários aspectos. “D. Bosco sonhou com a obra, Pe. Rua realizou a obra; D. Bosco cria com a ajuda de muitos o sistema preventivo, Pe. Rua desenvolve com os mesmos colaboratores adultos o sistema educativo herdado.” (P. Braido e Franscesco Motto)

Miguel Rua nasceu em 09 de junho de 1837 em Turim, aos 08 anos perdeu seu pai; aos 14 o irmão Luís Tomás; aos 16 o irmão João Batista, deixando-o assim só com a sua mãe. De 1848–50 frequentou a escola elementar (ensino fundamental) e começou a frequentar o oratório no refúgio da Marquesa Barolo, sem a aceitação de sua mãe, pois via aqueles meninos que ali estavam como marginais. Participou da copanhi a de S. Luis, do oratório, e dos exercícios espirituais que D. Bosco aplicava a seus jovens, ajudando-o assim a ficar mais próximo de Deus.

Em julho de 1853 entrou para o seminário de Turim e poucos dias depois foi encarregado de ajudar D. Bosco no oratório. Já revestido com as vestes clericais, em 26 de janeiro de 1854 participou de uma reunião informal que depois deu a vida à associação dos Salesianos e em 15 de março de 1855 pelas mãos de D. Bosco fez os votos privados de pobreza, castidade e obediência e em fevereiro de 1858 acompanhou d. Bosco na visita ao Santo Padre, visita esta que daria a início à Sociedade Salesiana. Em 29 de julho de 1860 foi ordenado sacerdote.

Pouco tempo depois o jovem padre foi enviado como o primeiro diretor de uma casa salesiana para cuidar de jovens que aspiravam a vida sacerdotal e junto a ele estava a sua mãe que agora aceitava e ajudava no trabalho com aqueles que antes eram considerados como marginais. O Pe. Rua se saiu muito bem como diretor de uma casa salesiana sem a presença fisica de D. Bosco e com isso ainda com os votos trienais foi eleito pelo capitulo superior como prefeito da Sociedade Salesiana, dando-lhe a confiança de administrar e acompanhar nas atividades o superior geral da sociedade, ajudou a D. Bosco na preparação das constituições dos futuros salesianos.

Com a morte de D.Bosco, em 1888, foi eleito pelos salesianos o primeiro reitor-mor da Sociedade de São Francisco de Sales, os Salesianos, e com esse título o pe. Rua trabalhou e fortificou muito a sociedade. A congregação cresceu cerca de 520%; os salesianos chegaram a mais de quatro mil; fizeram-se 31 expedições missionárias; o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora chegou a cerca de 2716 irmãs e 320 casas espalhadas em 22 países, os salesianos cooperadores chegaram a 300 mil.

Pe. Rua não deixou com que o carisma morresse; continuou com o projeto de espiritualidade de D. Bosco; ajudou muito na animação da congregação; enviou muitas cartas aos salesianos e salesianas com que não tinha contato pessoal; Foi uma presença muito forte e próxima das salesianas; viveu à alegria de ter visto D. Bosco, no dia 24 de julho de 1907, ser declarado venerável.

Miguel Rua morreu em 06 de abril de 1910 em turim, com a mesma idade de D. Bosco aos 72 anos de idade e em 1922 foi aberto o seu processo de beatificação. em 29 de outobro de 1972 foi declarado por Paulo VI bem-aventurado, sua memória liturgica é celebrada em 29 de outubro.

Podemos dizer que Miguel Rua foi e sempre será outro D. Bosco na Sociedade de São Francisco de Sales e nos convoca a sermos iguais, e até mesmo melhores do que ele na salvação dos jovens. Com alegria comemoramos neste ano o centenario da morte de Miguel Rua homem que doou a sua vida pela obra salesiana.

Bruno Ferreira de Andrade
Pré-noviço Salesiano

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